quinta-feira, 1 de novembro de 2012

João Bata – Angwana

João Bata é enigmático. É um dos provocadores mais corrosivos de toda a Música Moçambicana, ao lado de Alberto Machavele, Joaquim Macuácua e Abílio Mandlaze. E também é um dos artistas que têm as músicas mais sentidas da discografia moçambicana, com confissões honestas e desarmantes. É um dos mais brilhantes compositores moçambicanos. E, por cima de tudo isso, ainda é um grande vocalista, num meio – Música Ligeira Moçambicana – onde dificilmente se encontra um vocalista masculino decente – com excepções honrosas de Antonio Marcos e Salimo Muhamad.

Não se percebe o que é que ele é, na verdade. Todavia, a Música Moçambicana agradece pelas maravilhosas músicas com que a fecundou ao longo dos anos.

É a alma gémea de Filipe Nhassevele, outro génio louco da Música Moçambicana; os dois desenvolveram um estilo musical original, energético, tenso, que anda entre a Marrabenta e a Muthimba, continuamente inventivo, e infinitamente poderoso.

O álbum Angwana, esse, é outra obra-prima da Música Ligeira Moçambicana. Forte, urgente, desesperado, dramático, inspirado. Contém o hoje clássico “Angwana”, uma genial provocação em forma de fábula aos que se esquivam ao trabalho (www.mbila.blogspot.com); a obra-prima “Lirandzo”; e a desarmante balada “Mama Dumba”, onde Bata diz à mãe para não se preocupar, pois, dentre todos filhos que teve, um, pelo menos, vai ser bem-sucedido na vida para cuidar dela, diferentemente dele, um desgraçado que apenas tem dom para cantar.

Angwana é um dos álbuns geniais da Música Ligeira Moçambicana, um momento magistral que João Bata não conseguiu repetir nos álbuns seguintes.


por Niosta Cossa




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