quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Super Mama Djombo – Sol Maior para Comandante

10 anos após a independência da Guiné-Bissau e 10 anos após o assassinato do fundador do Partido Africano para Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) e também Comandante da luta de libertação, Amílcar Cabral, os Super Mama Djombo – provavelmente a maior banda guineense alguma vez surgida – apareceram com Sol Maior para Comandante, em 1983.

O álbum, de apenas duas músicas, cada uma delas rondando os 17 minutos, narrando a epopeia de Amílcar Cabral, é das experiências musicais mais ousadas e mais gratificantes de toda Música Africana. Uma obra-prima. Sol Maior para Comandante rivaliza com Live! de Fela Kuti com Ginger Baker no catálogo da Afro-Psicadelia. Tremendamente poderoso e inspirador. Sinistro e infectante.

Na semana do 88º aniversário do nascimento de Cabral (12 de Setembro de 1924) e mês do 39º aniversário da independência da Guiné-Bissau (24 de Setembro de 1973), Sol Maior para Comandante para toda gente, uma das mais imponentes obras-primas africanas.


por Niosta Cossa



Conjunto João Domingos – Ao Vivo em Macau

Antes da Orquestra Marrabenta Star de Moçambique evoluir e levar longe a Marrabenta artisticamente, e antes da independência nacional de Moçambique, existiu, entre outros grupos, o Conjunto João Domingos. Antes desta e de outras bandas do seu período existirem existiram outras bandas que, claro, as inspiraram, como a Ossumane Valgy Jazz Band (http://gm54.wordpress.com/tag/conjunto-joao-domingos/). Entretanto, o que acabou sendo a Marrabenta para o formato banda/orquestra que veio a ser tocada no Moçambique independente foi delineado pelo Conjunto João Domingos e outros do mesmo período.

A Marrabenta pré-independência nacional, estática, compacta, repetitiva, directa, mais morta do que viva, mas entusiasmante e forte, é o que oferece este Ao Vivo em Macau, de 1994, do Conjunto João Domingos, praticamente 30 anos depois dos anos gloriosos da banda.


por Niosta Cossa


http://www.4shared.com/rar/fyGf3U2r/CJD_-_AVeM__1994_.html

Jeremias Ngwenha – La Famba Bicha

La Famba Bicha. Um dos grandes álbuns da Música Ligeira Moçambicana. De um dos artistas socialmente e politicamente mais críticos de todo o universo artístico moçambicano. Jeremias Ngwenha.

Um álbum de Muthimba temperado com Gospel, levado pelo inconformismo de Ngwenha perante as misérias dos moçambicanos (e africanos). Um maravilhoso trabalho da Música Ligeira Moçambicana.

Fora os momentos pseudo-gospel (estranhamente intitulados “Africa” e “Kurhula Africa”), é portentoso o álbum. A música que dá título ao álbum, “Vizinha” e “Paz” são obras-primas. A nova versão de “Ka Maputo” é excelente. E “A Bunu” é um cáustico comentário do episódio em que boers sul-africanos “deram de comer” aos cães moçambicanos ainda vivos.

Foi o último grande trabalho de Jeremias Ngwenha, antes de desenvolver simpatias por Joaquim Chissano, então Presidente da República. E foi o único álbum que deixou, antes de falecer no início de Maio de 2007. Memorável!


por Niosta Cossa






Salif Keita – Papa


Papa é uma espécie de Afro-Trip-Hop, com bateria mecânica e baixo minimalista ásperos. É seco e alienado, impenetrável.

As músicas não parecem desenvolver, mantendo-se no mesmo ciclo repetitivo do início ao fim, soando a fragmentos musicais em experimentação. No entanto, tematicamente, é um álbum que explora a relação das pessoas com Deus e a inevitabilidade da morte.

E o tema, explorado desta maneira alienada, desconstruída, experimental, ganha outro sentido. Ou seja, com temas tão desconsolados colocados sobre músicas experimentais, acaba-se criando uma atmosfera para o álbum.

E vão-se revelando novos detalhes a cada audição de Papa. O álbum que, à primeira, parece simples, na verdade, acaba sendo muito complexo. Meticulosamente calculado.

No fim, Papa vale pelo conjunto, como um álbum. Dos mais estranhos trabalhos musicais africanos e também dos mais desafiadores, este álbum de 1999 do Grande Albino do Mali.


por Niosta Cossa