quinta-feira, 29 de março de 2012

Kapa Dêch – Katchume


O álbum que mudou a música moçambicana. O grupo de jovens que se intrometeu entre os gigantes da música – Ghorwane, Eyuphuro, Orquestra Marrabenta Star (ou Grupo RM)… – conquistou o seu lugar como uma das maiores bandas moçambicanas.

Katchume mudou o panorama da música jovem, alargou as possibilidades para a música moçambicana e redefiniu a atitude das bandas moçambicanas no geral.

Numa altura em que os jovens músicos moçambicanos já começavam a fazer sucesso – casos de Electro Base, MC Roger, Swit – mas sem arte alguma, os Kapa Dêch trouxeram um outro paradigma: mostraram que os jovens não eram apenas capazes de fazer sucesso com música fútil ou pimba; podiam fazer sucesso com estilo, com talento e, acima de tudo, com grandes músicas e grandes executantes.

Os Kapa Dêch eram uma grande banda. Em Katchume, apresentaram um grande guitarrista (Dodó Firmo) e, principalmente, um grande vocalista (Tony Django) e um grandessíssimo baixista (Mitó Guambe). Tony Django cantava imensamente e de forma apaixonada. Mito tocava muito, éra um monstro; as suas marcas estão por todo álbum, e ele e Almeida Ngoca formaram uma secção rítmica poderosa, a mais forte que se pode encontrar nos álbuns moçambicanos. Zé Pires e Rufus estão imbatíveis nos teclados e Pilecas, na percussão, está excelente. E tinha também o apelativo canto de Roberto Isaías.

Álbum que, em estilo, éra uma fusão da música dos Stimela, com ritmos do sul de Moçambique, mais ritmos do Zimbabwé, Congo Kinshasa, em cruzamento com a música Pop, e, em concepção, devia muito à Kudumba dos Ghorwane, os Kapa Dêch transformaram todas essas influências em algo que, não sendo novo, éra único, poderoso e excitante.

Katchume é um álbum condensado, cheio de detalhes, de subtilezas, e, ainda assim, é um álbum corrido. Um triunfo da juventude, do início ao fim, não se fica quieto, não há espaço para reflexões, introspecções, expansão da alma e calma – até “Sumbi” de Roberto Isaías, que começa calma, acaba agitada.

Aparecido em 1998, Katchume fechou com categoria uma década de ouro para a música moçambicana em termos de produção de álbuns. É o álbum definitivo da década 1990. Reúne e resume em si tudo de bom e de grande que havia sido feito anteriormente na música moçambicana e abre o caminho para o que viria na década seguinte.

Para o bem e para o mal, Katchume “tirou” o “monopólio” das tendências e do mercado musical que, então, estava nas mãos dos gigantes “velhos” da música moçambicana e abriu o caminho para centenas de bandas jovens que começaram a surgir por todo Moçambique. Foi graças à Katchume que puderam aparecer (e ter sucesso) bandas como Djaaka, Massukos, Mussodji. No entanto, nenhuma outra banda conseguiu fazer um álbum tão obstinado, perfeito e perdurador como Katchume. Nem mesmo os próprios Kapa Dêch conseguiram chegar ao nível de Katchume novamente e, com as mortes de Tony Django e Pilecas, ambas ocorridas em 2010, mais difícil ficou para eles fazerem algo tão elevado de novo, agora que nos aproximamos do 15 aniversário do álbum.

De qualquer das maneiras, o legado de Katchume (e dos Kapa Dêch) é grande, e o álbum continua vivo e desconcertante, intocável e imaculado. Talvez o melhor álbum moçambicano até a data. Katchume!

por Niosta Cossa
http://www.4shared.com/rar/1XI3-JjN/KD_-_K__1998_.html

4 comentários:

  1. Grande Album, pena k ñ tenha conseguido baixar, o link ñ funciona. Peço algum alternativo se tiver, adoro os kapa dech...

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    1. Shii, peço desculpas pelo link quebrado... pensei que o tivesse substituído. Vou repô-lo esta semana.

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  2. Poderia por favor colocar o link novamente?
    Eu imploro!!!

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