quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Musique Populaire Africaine – Archives 1926-1952



Ainda que certas formas de música ‘moderna’ tivessem desenvolvido nas cidades ao longo da costa africana antes da I Guerra Mundial, elas não foram gravadas até a metade dos anos 1920, o que é relativamente tarde considerando que as primeiras gravações (nos cilindros) de música tradicional africana data dos anos 1900-1905, notavelmente aquelas feitas pelos alemães Carl Meinhof (na Tanzânia) e Pater Witte (no Togo)…

Entretanto, só no último quarto do séc. XX e com o fenómeno da “world music” (“Música do Mundo”) é que a música pop africana ganhou o interesse das audiências de fora do continente. Antes disso, ela éra geralmente considerada como sendo ‘híbrida’ ou ‘degenerada’, em qualquer dos casos ‘inexistente’.

No campo artístico, até ao fim da era colonial, o Ocidente paradoxalmente rejeitou todos os sinais de uma evolução, por outro lado, impondo-a (a rejeição) através da força – nos níveis económicos, políticos, religiosos e sociais. Quer aprovassem ou denunciassem a dominação colonial, os intelectuais, amantes da arte negra, militantes da negritude, etnólogos e musicólogos, todos concordavam em dois pontos: a defesa da “autenticidade” e a rejeição de todas as influências estrangeiras na criação cultural africana. Tão cedo, em 1929, no primeiro livro de importância sobre a música da África Negra, Stephen Chauvet escreveu: “seria infinitamente desejável que um inquérito sistemático fosse levado a cabo entre todas as tribos africanas, conduzido por homens de grande competência ainda mais equipados com dispositivos de gravação. Este estudo, de considerável interesse, apresenta um carácter de emergência visto que a música negra irá em breve corromper-se e desaparecer sob a dissolvente influência da adulterada forma de civilização que os europeus estão a introduzir no puro coração de África”.

Como qualquer um pode ver, a ideia de música africana “pura”, imutável e superior pois liberta de influências estrangeiras, é muito antiga. Isto explica porquê nos nossos dias as antologias de música pop urbana do período colonial tem sido extremamente escassas.


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