quinta-feira, 5 de abril de 2012

Amoya – Cineta



Dentre os compositores monstruosos da música moçambicana – Jimmy Dludlu, Zeca Alage, Fani Mpfumu, Chico António, Pedro Langa, José Guimarães –, o mais experimental, o mais ocidental, o mais psicadélico é Chico António. Não foi por acaso que os franceses o estimaram – ganhou o Prémio Descobertas da Rádio França Internacional (RFI), em 1990, com “Baila Maria”.

Se todos os outros monstros estavam (estão) profundamente agarrados aos ritmos moçambicanos – com excepção de Jimmy Dludlu; talvez pelos seus avançados estudos de música, talvez por antes de ter enveredado por uma carreira à solo ter tocado e colaborado com vários músicos de diversos lugares, talvez por dedicar-se à um ritmo ocidental (Jazz) –, a música de Chico António gravita por vários horizontes. É música moçambicana com traços da música do Ocidente. Mais concretamente, são ritmos moçambicanos combinados com a Música Pop. Combinados genialmente.

Claro, não houvesse génio e eternidade em Cineta, e não fosse este um álbum inalcançável, não seria um grande álbum.

O grupo Amoya é outra versão do Grupo RM, uma versão que, à cabeça, tinha Chico António. Ele é o maestro do álbum: tem mais composições e estabelece o tom que o mesmo segue ao longo das suas 8 músicas.

“Baila Maria”, uma das obras-primas de Chico António – um dueto inspirado e inspirador com Mingas –, abre o álbum, com uma versão ainda melhor e mais rápida do que a que ganhara o prémio da RFI. E levam (Chico e Mingas) a inspiração mais longe ainda na música que dá título e encerra o álbum. Outra obra-prima de Chico António.

“Ndekele”, de Chico António e Mingas é também uma obra-prima. “Abram Alas” (Chico António) e “Xikongolotana” (Zeca Tcheco), as mais mexidas, não ficam atrás.

Cineta é, realmente, um grande álbum. É o testemunho do génio de Chico António e comprovativo da força do Grupo RM. É inspirador.


por Niosta Cossa


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