quinta-feira, 3 de maio de 2012

Wazimbo – Makwêru



Makwêru, sonoramente, é diferente e distante de tudo o que Wazimbo fizera com a Orquestra Marrabenta Star. É mais lento e mais introspectivo do que Independance e Marrabenta Piquenique. E as letras são menos espontâneas, menos lúdicas, e mais elaboradas do que antes na carreira de Wazimbo pós-independência.

Este álbum já não é Marrabenta apenas. É um cruzamento entre Djuma Mukatsika, o Afro-Jazz, a Música Pop e a Marrabenta.

Aqui fica mais claro que Wazimbo é mesmo o maior vocalista moçambicano do nosso tempo – com o devido respeito e vénia por Tony Django. Não tem que ver apenas com cantar bonito, coisa que ele fazia acima de (quase) todos os moçambicanos. A maneira como canta as palavras, o jeito com que as insufla de vida, o jogo que faz entre elas e a melodia que cria, não têm par em Moçambique. Vai e volta dos suspiros e gritos, e passa tanto pelos tons graves como pelos agudos, com a mesma qualidade e maravilhosamente.

Portanto, só a qualidade de Wazimbo garante metade da boa ventura deste Makwêru. Mas o álbum não acaba aí. É uma obra-prima. Álbum de 1998, é mais um grande produto da gloriosa década de 1990.

Começa brilhantemente, com o chamado para a preservação do meio ambiente e para práticas urbanas (mais) saudáveis (“Mambatxi”), continua com categoria, sem uma música má pelo meio, até a última música, que dá título ao álbum, uma balada criada por Sox e interpretada superiormente por Wazimbo. “Makwêru” resume todo álbum em si e, ao mesmo tempo, o eclipsa com sua beleza e grandeza. Uma obra-prima genuína, das melhores músicas moçambicanas.

Grande Humberto Benfica!


por Niosta Cossa


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