A hora de Roberto Chitsondzo. Havia sido eclipsado por Zeca Alage em Majurugenta, ficara na sombra de Pedro
Langa e Jorge César em Kudumba. Mas,
neste Vana Va Ndota, finalmente pôde
brilhar. E brilhou de verdade.
É certo que a alma e a visão dos Ghorwane estavam com Zeca ALge e Pedro
Langa, no entanto, Roberto CHitsondzo sempre foi a verdadeira força do grupo.
No primeiro álbum, estava lá, ao lado de Zeca Alage, e juntos fizeram o álbum
que hoje é um clássico indisputado da Música Moçambicana. Quando foi a vez do
segundo álbum também estava lá, mantendo o álbum no chão, na estética Ghorwane,
e coerente, quando Pedro Langa e Jorge César puxavam genialmente o álbum aos
extremos e para o mais longe que podiam, transformando-o numa obra-prima
absoluta. E aqui, em Vana Va Ndota,
está sozinho, mas mantém o álbum a andar, com brilho.
É claro que Vana Va Ndota, de
2005, não é do nível nem tem a
qualidade dos dois primeiros álbuns, aliás, está muito longe daqueles álbuns, tanto
ao nível das composições bem como quanto à qualidade das performances dos
executantes, mas é um muito bom álbum. E tem grandes músicas, no meio de
algumas medianas e outras puramente más.
Chitsondzo coloca duas obras-primas neste álbum, a música que dá título ao
álbum e “Xindzavane”, músicas que têm das mais comoventes letras escritas para
músicas moçambicanas. Na primeira, um tributo aos assassinados parceiros (Alage
e Langa), escreve “Nitwili magoda ma
keta, na ma hehlisa bava va mina/ Nivonili vanu va rhila, na va rhilela bava va
mina/ Va yimba tinsimu va khonghela, na va rhilela bava va hina” (“Ouvi as cordas a rangerem, a descerem o –
corpo do – meu pai/ Vi pessoas a chorarem, a chorarem por meu pai/ A cantarem
canções, a chorarem, a chorarem por meu pai”. Na segunda, “Xindzavana (xa
nkaka)” – “Cestinho (de kakana), alusão ao sofrimento extremo e corrosivo –, Chitsondzo
lamenta as desgraças que se abateram sobre o(s) filho(s) e termina desconsolado,
com a variação da música, ainda assim tentando consolar o filho, dizendo “Nwananga, u nga rhili, rhulisa mbilu ya
wena/ A usivana, mihloti, swixanisa mbilu, nwananga” (“Meu filho, não chores, dê paz ao teu coração/ A pobreza, as lágrimas,
desgraçam o coração, meu filho”.
Zeca Alage e Pedro Langa também contribuem músicas para este álbum cujo
intuito éra homenageá-los. O primeiro com “Livengo” e o segundo com “Thlary” e
“Ndzava”. As 3 são boas músicas, cantadas todas por Roberto Chitsondzo.
por Niosta
Cossa
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