O álbum que mudou a música moçambicana. O grupo de
jovens que se intrometeu entre os gigantes da música – Ghorwane, Eyuphuro,
Orquestra Marrabenta Star (ou Grupo RM)… – conquistou o seu lugar como uma das
maiores bandas moçambicanas.
Katchume mudou
o panorama da música jovem, alargou as possibilidades para a música moçambicana
e redefiniu a atitude das bandas moçambicanas no geral.
Numa altura em que os jovens músicos moçambicanos já
começavam a fazer sucesso – casos de Electro Base, MC Roger, Swit – mas sem
arte alguma, os Kapa Dêch trouxeram um outro paradigma: mostraram que os jovens
não eram apenas capazes de fazer sucesso com música fútil ou pimba; podiam
fazer sucesso com estilo, com talento e, acima de tudo, com grandes músicas e
grandes executantes.
Os Kapa Dêch eram uma grande banda. Em Katchume, apresentaram um grande
guitarrista (Dodó Firmo) e, principalmente, um grande vocalista (Tony
Django) e um grandessíssimo baixista (Mitó Guambe). Tony Django cantava imensamente e
de forma apaixonada. Mito tocava muito, éra um monstro; as suas marcas estão
por todo álbum, e ele e Almeida Ngoca formaram uma secção rítmica poderosa, a
mais forte que se pode encontrar nos álbuns moçambicanos. Zé Pires e Rufus
estão imbatíveis nos teclados e Pilecas, na percussão, está excelente. E tinha
também o apelativo canto de Roberto Isaías.
Álbum que, em estilo, éra uma fusão da música dos
Stimela, com ritmos do sul de Moçambique, mais ritmos do Zimbabwé, Congo Kinshasa,
em cruzamento com a música Pop, e, em concepção, devia muito à Kudumba dos Ghorwane, os Kapa Dêch
transformaram todas essas influências em algo que, não sendo novo, éra único,
poderoso e excitante.
Katchume é
um álbum condensado, cheio de detalhes, de subtilezas, e, ainda assim, é um
álbum corrido. Um triunfo da juventude, do início ao fim, não se fica quieto,
não há espaço para reflexões, introspecções, expansão da alma e calma – até
“Sumbi” de Roberto Isaías, que começa calma, acaba agitada.
Aparecido em 1998, Katchume fechou com categoria uma década de ouro para a música
moçambicana em termos de produção de álbuns. É o álbum definitivo da década
1990. Reúne e resume em si tudo de bom e de grande que havia sido feito
anteriormente na música moçambicana e abre o caminho para o que viria na década
seguinte.
Para o bem e para o mal, Katchume “tirou” o “monopólio” das tendências e do mercado musical
que, então, estava nas mãos dos gigantes “velhos” da música moçambicana e abriu
o caminho para centenas de bandas jovens que começaram a surgir por todo
Moçambique. Foi graças à Katchume que
puderam aparecer (e ter sucesso) bandas como Djaaka, Massukos, Mussodji. No
entanto, nenhuma outra banda conseguiu fazer um álbum tão obstinado, perfeito e
perdurador como Katchume. Nem mesmo
os próprios Kapa Dêch conseguiram chegar ao nível de Katchume novamente e, com as mortes de Tony Django e Pilecas, ambas
ocorridas em 2010, mais difícil ficou para eles fazerem algo tão elevado de
novo, agora que nos aproximamos do 15⁰
aniversário do álbum.
De qualquer das maneiras, o legado de Katchume (e dos Kapa Dêch) é grande, e o
álbum continua vivo e desconcertante, intocável e imaculado. Talvez o melhor
álbum moçambicano até a data. Katchume!
por
Niosta Cossa
http://www.4shared.com/rar/1XI3-JjN/KD_-_K__1998_.html
Grande Album, pena k ñ tenha conseguido baixar, o link ñ funciona. Peço algum alternativo se tiver, adoro os kapa dech...
ResponderExcluirShii, peço desculpas pelo link quebrado... pensei que o tivesse substituído. Vou repô-lo esta semana.
ExcluirLink reposto!
ExcluirPoderia por favor colocar o link novamente?
ResponderExcluirEu imploro!!!