Face Oculta (foto tirada do www.classicohiphoptime.blogspot.com)
O homem que nos momentos de incerteza e escuridão “carrega
nas costas o movimento hip hop nacional” (Hip
Hop representado no "Aquario Soul",
www.classicohiphoptime.blogspot.com) e que procura na música um lugar “para ser
eterno” (idem). A sua carreira
poderia muito bem ser descrita como a trajectória do próprio Hip-Hop feito em
Moçambique. A mais controversa, a mais amada e, ao mesmo tempo, mais odiada
figura do Hip-Hop que ajudou a construir e ao qual deu sentido. O mais
actuante, o mais influente personagem do movimento urbano/suburbano musical
emergido nos inícios da década de 1990 na cidade de Maputo. Aquele que,
definitivamente, será reconhecido como o maior hip-hopper moçambicano de sempre:
Hélder Leonel Malele.
Hélder Leonel, Lil Brother H, Face Oculta, DJ
Malele, são as diferentes faces e nomes do homem que revolucionou o Movimento
Hip-Hop moçambicano e deu significado e algo por que lutar à uma geração.
Apesar de eu e ele, algumas vezes, termos
posicionamentos divergentes – por exemplo, desde 2007 que eu não concordo que o
Clássico Hip-Hop Time passe Hip-Hop
internacional, numa época em que existe muita música nacional boa e suficiente,
e, por conta disso, de lá para cá, nunca mais escutei nem mandei música minha
para aquele programa, portanto, não sei se ainda passa ou não Hip-Hop
internacional no programa – eu reconheço Hélder Leonel como o Hip-Hopper Número
1 do Norte ao Sul e do Zumbo ao Índico.
Contudo, sobre a complexa e longa carreira de Hélder
Leonel, estou a escrever vastamente e profundamente e exaustivamente,
exactamente como vasta e profunda sua carreira é, no Tratado Sobre o Hip-Hop Feito em Moçambique que estou a elaborar.
Nestas linhas, vim, especificamente tratar do rapper/produtor
Face Oculta. E vim trazer, em ordem cronológica inversa, 3 magníficas músicas
gravadas sob esta faceta. Músicas tiradas de diferentes fontes, juntei-as num
único pacote, ao qual atribuí, livremente, o título de Músicas da Face Oculta.
A primeira, “Balanço Inspirador”, produzida pelo
Paiol Sonoro, para o single “Tsunela Ka Muloro” daquele colectivo, é uma música
Rap, curta, concisa, inspiradora, balançando entre o Neo Soul e o R&B,
entrando e saindo do Jazz até atingir o seu ponto alto já perto do fim, quando
Face Oculta, genialmente, expõe a sua visão sobre o estágio actual do Hip-Hop feito
em Moçambique:
“Vejo tanta quantidade
com pouca qualidade
Mas nessa qualidade
vejo pouca dignidade”
De qualquer das maneiras, Face Oculta não é de
demorar-se nem é de escrever rimas desnecessárias. É o exemplo maior de rigor e
talento no Hip-Hop Moz. Escreve o suficiente e canta com sobriedade. Aliás,
menos, não seria de se esperar. “Voz antiga no activo”, “um senhor e já não um
rapaz” (“Balanço Inspirador”), nascido a “28 de Outubro de 1975, no Chamanculo, em Maputo” (http://videorapmoz.blogspot.com/2010/11/helder-leonel-biografia.html),
Face Oculta é o decano do Hip-Hop Moz. E, claro, um dos seus artistas mais
finos, mais claros, mais maduros e convincentes, e, definitivamente, dos
pouquíssimos artistas reais que se podem encontrar.
Seus talentos na produção também são notórios. Talentos
que apareceram sedutoramente expostos na música “Amor Real”, “um som ‘light’ produzido por si, com
a participação de Xixel nos coros, que mostrava uma nova fase da sua vida em
termos de relações e uma tendência para o Hip Hop Jazz”
(http://videorapmoz.blogspot.com/2010/11/helder-leonel-biografia.html).
A terceira música do pacote, “A Fúria das Águas”, é
uma obra-prima do Hip-Hop Moçambicano. Emergida da, hoje clássica, compilação Atenção: Desminagem! da Kandonga, de
2003, nessa música Face Oculta leva-nos ao ambiente rural de uma localidade de
Xai-Xai, província de Gaza, e descreve, magistralmente, a jornada épica de uma
mulher grávida que, tendo perdido todo o pouco que possuía, incluindo casa e um
lugar onde pisar, por conta das cheias, culmina com o parto dramático feito em
cima de uma árvore (mafurreira), e termina com a mediatização dessa jornada por
parte dos mídia e políticos. Baseada em factos reais, a instrumental
minimalista, seca, dura, e a atmosfera rural sonora recriam assustadoramente
aquele mês de Fevereiro do ano 2000 e dão vida à uma obra-prima que celebra a
perseverança do espírito humano e a criatividade única da Face Oculta. Uma obra-prima
absoluta que, em 2003, elevou o Hip-Hop moçambicano para um outro nível e que
se afirma com o passar do tempo.
por
Niosta Cossa
meu camarad e broo nioster, apanhei no txto sobre Brother Lil H, o Face Oculta uma expressao que fez me recordar do DR Macuane, O fACE oCULTA E EALMENTE um Decano
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