Um dos maiores compositores
moçambicanos. Um dos membros-fundadores dos Ghorwane, onde foi compositor,
saxofonista e vocalista. O grande Zeca Alage!
Antes de começarem os Ghorwane, Zeca Alage fez parte do grupo Zantos,
juntamente com Tomás Urbano e outros. Em 1983, Pedro Langa funda os Ghorwane,
tendo Zeca Alage como um dos membros; e o grupo realizou os seus primeiros
ensaios no Jardim Tunduro. O primeiro concerto do grupo foi no Cine-África, à
23 de Junho de 1984. “Sobre este concerto o jornalista José Pinto Sá escreveu,
«confrontados com a falta de fundos para adquirir guarda-roupa, os músicos
decidem assumir provocatoriamente a sua pobreza. Aparecem com as caras
enfarruscadas, semi-nus, esfarrapados, Zeca Alage recusa-se a falar Português...
mas são sobretudo as canções que fazem escândalo, abordando fortemente temas
como a guerra e a miséria em Moçambique»” (http://mbila.blogspot.com/search/label/Pedro Langa).
Em 1986, Zeca Alage compôs
“Massotchua”, música que éra um protesto contra a guerra civil e, claro, “uma
denúncia do perigo que os militares representavam para as populações que era
suposto que protegessem” (http://mbila.blogspot.com/2007_12_01_archive.html). “Zeca via a sua música como parte da luta. Ele era um combatente
pela paz que «gostava de fazer música como uma arma contra a injustiça»… um dos
melhores guerreiros de Moçambique” escreveu Garry Lyseight, no encarte do disco
Majurugenta.
Majurugenta, o clássico
álbum dos Ghorwane, lançado em 1993, contou com 4 composições suas. “Ninguém (pelo
menos publicamente) lhe conhecia os dotes criativos a nível de composição, até
que apareceu, para arrasar, com ‘Masothswa’. Um número bastante aplaudido pela
crítica e pelas massas. Mas foi com ‘Majurugenta’ que Zeca Alage nos avisou
quem era ele, de facto. Com aquele trabalho atirou-nos em definitivo para a
esteira onde nos devíamos ajoelhar para ele passar”, Alexandre Chaúque (http://noticias.sinfic.pt/pls/notimz2/getxml/pt/contentx/22216.).
As músicas que compunha eram sinistras, desconsoladas, desesperadas, mas
tremendamente fortes e geniais. “Zeca Alage tinha aquela veia rebelde e
extraordinária coragem de dizer o que sentia, tinha todo o seu lastro de
inconformismo puro, inconformismo que se fazia sentir nas suas músicas”,
escreveu Amosse Macamo (http://modaskavalu.blogspot.com/2010/08/ghorwane-o-mito.html). Éra um
compositor monstruoso.
Como vocalista, éra excitante e inspirador, espontâneo e convincente; não forçava
nada; o canto vinha-lhe da alma. E como saxofonista, éra excelente. No álbum Majurugenta encontram-se dos mais
estimulantes e memoráveis sopros de toda Música Moçambicana.
Foi assassinado nos inícios de Abril de 1993, pouco antes do lançamento do
álbum Majurugenta, nas barreiras de
Maputo, supostamente, por bandidos que lhe queriam roubar os sapatos novos que
trazia.
Morreu, mas o seu espírito nunca partiu e nunca se afastou do grupo.
Directa e indirectamente, esteve por detrás das músicas mais importantes de
cada um das (quase) 3 décadas da vida dos Ghorwane. Fez, como escrito acima,
“Massotchua”, em 1986; compôs “Majurugenta”, música que apareceu em 1993. E
Roberto Chitsondzo escreveu, dedicada à ele e Pedro Langa, “Vana va Ndota”, em
2005. Para além de que músicas suas apareceram nos 3 álbuns lançados pelos
Ghorwane – Majurugenta, de 1993; Kudumba, de 1997; e Vana va Ndota, de 2005.
Guerreiro, artista e génio, um dos melhores filhos que a “Pátria Amada” viu
nascer: Zeca Alage (1959-1993)!
por Niosta
Cossa
Sou muito jovem, nascido em 1985, mas a musica composta por Zeca Alage foi sempre a dona da minha alma. A musica Massotcha me faz lembrar aquela miseria vivida pelo povo na guerra dos 16 anos. Ele nunca morrerá. Obrigado por trazer a historia desse grande compositor Moçambicano.
ResponderExcluir27 anos ja passam Zeca, aquel fatidico abril😢!
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