João Bata é enigmático. É um
dos provocadores mais corrosivos de toda a Música Moçambicana, ao lado de
Alberto Machavele, Joaquim Macuácua e Abílio Mandlaze. E também é um dos
artistas que têm as músicas mais sentidas da discografia moçambicana, com
confissões honestas e desarmantes. É um dos mais brilhantes compositores
moçambicanos. E, por cima de tudo isso, ainda é um grande vocalista, num meio –
Música Ligeira Moçambicana – onde dificilmente se encontra um vocalista
masculino decente – com excepções honrosas de Antonio Marcos e Salimo Muhamad.
Não se percebe o que é que ele
é, na verdade. Todavia, a Música Moçambicana agradece pelas maravilhosas
músicas com que a fecundou ao longo dos anos.
É a alma gémea de Filipe
Nhassevele, outro génio louco da Música Moçambicana; os dois desenvolveram um
estilo musical original, energético, tenso, que anda entre a Marrabenta e a
Muthimba, continuamente inventivo, e infinitamente poderoso.
O álbum Angwana, esse, é outra obra-prima da Música Ligeira Moçambicana.
Forte, urgente, desesperado, dramático, inspirado. Contém o hoje clássico
“Angwana”, uma genial provocação em forma de fábula aos que se esquivam ao
trabalho (www.mbila.blogspot.com);
a obra-prima “Lirandzo”; e a desarmante balada “Mama Dumba”, onde Bata diz à
mãe para não se preocupar, pois, dentre todos filhos que teve, um, pelo menos,
vai ser bem-sucedido na vida para cuidar dela, diferentemente dele, um
desgraçado que apenas tem dom para cantar.
Angwana é um dos álbuns geniais
da Música Ligeira Moçambicana, um momento magistral que João Bata não conseguiu
repetir nos álbuns seguintes.
por Niosta Cossa
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