Vindo do Bairro de Mavalane, apareceu, no meio da década
1990, aquele que veio a revelar-se como sendo o maior poeta da Música Ligeira
Moçambicana: o genial e inimitável Jeremias Ngwenha.
A Música Ligeira Moçambicana, desde o seu início, teve
brilhantes poetas e excelentes liricistas, contudo, Ngwenha (e)levou a poesia à
um outro nível. E deu um outro significado ao protesto. Onde Zeca Alage havia
parado na contestação das desgraças da guerra civil, Jeremias Ngwenha começou
para protestar contra as injustiças sociais do Moçambique pacificado.
E trouxe uma poesia tão vulgar e, simultaneamente, tão
inteligente; poesia forte que criticava o poder vigente e, sem hipocrisia, se
solidarizava aos carenciados e injustiçados; que a sua música acabou reduzida à
sua poesia.
Entretanto, Jeremias Ngwenha éra também um grande
compositor. As músicas presentes neste pacote, uma fusão de Marrabenta e
Muthimba – como muito bem foi caracterizado no http://www.verdade.co.mz/vida-e-lazer/49-musica/292-banda-fundada-por-jeremias-ngwenha – são o testemunho dos talentos de um brilhante
compositor.
São 3 músicas fortíssimas, as presentes neste pacote, das
melhores músicas moçambicanas. “Kassi Ka Maputo”, aqui na sua versão original,
é mais forte e incisiva do que a versão que posteriormente apareceu em La Famba Bicha. O hit “Vada Voche” não
diminuiu em nada com o passar dos anos, nem a sua força rítmica nem a
actualidade da sua letra, e continua a surpreender, passados tantos anos.
“Hayekani Massango”, música que apareceu na colectânea Vidas Positivas – disco composto de músicas de vários artistas, que
procurava chamar atenção para o drama do HIV/SIDA –, com as especulações que
foram – e ainda são – veiculadas sobre as causas da morte do artista – que
muitos associaram e/ou associam àquela doença –, hoje tornou-se perversa e curiosa,
mas mantém-se uma grande música.
Jeremias Ngwenha, realmente, partiu cedo. Com apenas 35
anos de idade. Tal qual outros furacões que abalaram e mudaram a Música
Moçambicana – Zeca Alage partiu com 34 anos; Zaida Chongo foi-se com 33 anos;
Tony Django deixou-nos com 38 anos. Nenhum deles chegou à velhice, todavia, as
obras que deixaram vão envelhecer com os moçambicanos. E os moçambicanos têm se recordado, amiúde, do grande Jeremias Ngwenha e têm celebrado estas 3
grandes músicas – e outras que deixou.
por Niosta Cossa
http://www.mediafire.com/?9ggugc6myn5k146
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